Metodologia da História
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
terça-feira, 2 de setembro de 2014
sábado, 30 de agosto de 2014
A função do método histórico na formação dos profissionais em História, pelos alunos de História da UFRN
Método: (s.m.) Maneira de dizer, de fazer, de ensinar uma coisa.1
"Delimitando de início o que seria o significado mais imediato da
palavra método percebemos que o método histórico pode ser visto como a maneira
com a qual construiremos o conhecimento histórico, quais ferramentas
utilizaremos, e também como as utilizaremos, sendo assim é imprescindível que o
historiador tenha pleno domínio dos mais variados métodos históricos, uma vez
que não só o possibilitará trabalhar em diversas linhas de pensamento, como
também trabalhar de várias formas diferentes uma mesma linha, construindo assim
revisões de conceitos e novas problemáticas, fazendo com que haja cada vez mais
um enriquecimento histórico e historiográfico.
No entanto o método não diz respeito apenas ao modus de produção
histórica, ele pode, e deve, ser incorporado da melhor forma possível também na
prática do ensino, facilitando assim não só a compreensão do aluno, mas também
seu desenvolvimento enquanto cidadão, uma vez que os métodos de se associar a
história com as realidades encontradas em sala de aula fazem os alunos
perceberem que a história é não uma ciência do passado, mas sim que busca no
passado uma compreensão do presente e para este soluções, ou seja,
independentemente de estar voltado para a pesquisa ou ensino o método é um
facilitador ou mesmo um catalisador para o conhecimento histórico, tornando a
história o que ela é por excelência, uma ciência viva."
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1. www.dicio.com.br/metodo/
Jefferson Lima, graduando em História na UFRN
"Toda profissão exige um
conhecimento especializado proveniente de sua área e tal conhecimento é o que
caracteriza e define uma profissão. Dessa forma, esse conjunto de conhecimento
precisa ser articulado de uma maneira que possa existir uma organização sistematizada
na qual valide a existência desse saber. É ai que o método histórico entra na
formação do profissional de história, pois a história como ciência precisa de
uma metodologia que a oriente, fazendo com que sua prática não seja aleatória e
passe a ter elementos que possibilitem a construção coerente de um saber."
Leonardo Paiva, graduando em História na UFRN
"O método histórico é fundamental para a formação de profissionais em
história, seja ele o que pretende se formar no grau de bacharel ou até mesmo o
de licenciatura. Inicialmente, a discussão sobre o método histórico, ainda
realizada em sala de aula, surge para que o aluno possa compreender melhor o
seu ofício, ficando consciente das discussões teóricas que são realizadas em
sua área. A partir disto, ele é apresentado ao método histórico. Toda ciência
precisa de um método, e, este método norteará as ações do profissional de História,
mesmo que algumas vezes ele não tenha consciência disso, pois o método é introjetado
no seu fazer diário. Portanto, ao pesquisar e produzir artigos e trabalhos
acadêmicos, o bacharel possui um método histórico específico, que o orientará,
resultando no seu produto. Esta teoria utilizada dialogará com outras, ou até
terá embates, contribuindo para o debate acadêmico. O professor, em sala de
aula, também será influenciado pelo método histórico que elegeu, que se
refletirá desde a concepção da sua aula, no planejamento das aulas, até o
desenvolvimento da sua aula com os alunos, sua forma de fazer atividades, de
aplicá-las, das provas escolhidas, entre outros. Portanto, o método histórico
tem função de orientar, ser um norte, e preparar o profissional de história
para o seu exercer diário ao longo da sua vida."
Bruno Chaves, graduado em História na UFRN
sexta-feira, 29 de agosto de 2014
A função do método histórico na formação dos profissionais em História, por Wicliffe Costa
"A compreensão do método histórico é importante na formação dos profissionais da história, porque possibilita que estes adquiram a consciência dos aspectos teórico-filosóficos que estão implicados no seu ofício. Essa consciência permite uma leitura crítica do trabalho histórico (historiografia), de modo a perceber suas potencialidades e suas limitações."
Wicliffe Costa, professor de História Medieval e Teoria da História da UFRN
quinta-feira, 28 de agosto de 2014
A função do método histórico na formação dos profissionais em História, por Lígio Maia
"Acredito que seja (ou pelo menos deveria ser) a possibilidade do professor refletir junto com seus alunos como um historiador. Isso implicaria, por exemplo, redirecionar e alargar a compreensão dos discentes das categorias básicas da história enquanto processo: o tempo, a documentação, a inter-relação sujeito/objeto, etc.
Pensar os eventos ou episódios históricos em sala de aula a partir do lugar social do historiador daria ao professor - que, aliás, é o mesmo, não há espaço possível entre quem pesquisa e quem ensina - a oportunidade de compartilhar com os alunos acerca dos desafios e dos limites da ciência histórica no estudo do passado."
Pensar os eventos ou episódios históricos em sala de aula a partir do lugar social do historiador daria ao professor - que, aliás, é o mesmo, não há espaço possível entre quem pesquisa e quem ensina - a oportunidade de compartilhar com os alunos acerca dos desafios e dos limites da ciência histórica no estudo do passado."
Lígio Maia, professor de História Moderna e História Indígena da UFRN
Qual a função do método histórico na profissionalização do historiador?
Diante
de uma moeda pensamos no processo de cunhagem, como se faz, quais as
ferramentas, quais os materiais, quais os procedimentos, quais as etapas de
trabalho. Processo concluído, a moeda ali está, pronta, redondinha, apta a
correr de mão em mão, apta a entrar em
circulação. Sem o saber acumulado desse processo de cunhagem, das etapas e
processos, do tratamento dos materiais, o produto final seria a moeda tal qual
a conhecemos? Não. Da mesma forma, o historiador não seria historiador se antes
mesmo dele próprio não se constituísse o método histórico. Como pode formar-se
um profissional de história sem que lhe dêmos as ferramentas? E o que são essas ferramentas se não o
método? Da mesma forma que não há pedreiro sem régua de nível, médico sem
estetoscópio, advogado sem códigos de leis, ou
pintor sem noções básicas da cor, não existe historiador sem método. Só
pelo método o historiador é capaz de cunhar seu trabalho, de conferir-lhe razão
e identidade. Pelo método logra realizar um trabalho científico e
historiográfico, pronto, redondinho, apto a correr de mão em mão, apto a entrar
em circulação. Mas só pelo método. Sem método seu trabalho seria outra coisa.
Literatura talvez. Ou nem isso, pois a literatura, como todos os trabalhos,
obedece a uma metodologia. Camões não escreveu os “Lusíadas” sem prestar
atenção à métrica. Suassuna não escreveu o “Auto da Compadecida” sem se ater a
uma rigorosa construção dos personagens apoiado na literatura popular
nordestina. Cervantes não escreveu “Dom Quixote de La Mancha” sem uma pesquisa
de fundo dos romances de cavalaria.
O
método histórico é o elemento fundante e constituinte da profissão historiador.
Sem os elementos participantes desse método, análise e síntese, por certo não
faríamos história nem produziríamos qualquer historiografia. Aí, sim, seria
adequado dizermos que a história não seria mais que uma espécie de “ficção
controlada”, completamente sujeita à arbitrariedade de nossos juízos e
julgamentos e ao nosso gosto retórico. Por isso, devemos reverências aos
participantes da escola metódica surgida no século XIX, pois é a partir deles
que se dá um caminhar da história rumo à cientifização. São eles que promovem o
surgimento de métodos de pesquisa em história e alavancam uma maior dedicação
ao trabalho e análise das fontes documentais. São eles também que promovem uma
ruptura com a literarização da história, buscando uma maior fidelidade aos
eventos, longe de quaisquer participação imaginativa dos historiadores e de seus
sistemas de referência e códigos de valores. Claro que o extremismo metódico,
ressalte-se, como qualquer espécie de extremismo, tem suas implicações. No
caso, estaríamos talvez incorrendo na produção historiográfica fria e sucinta,
descritiva de um rol de datas e eventos e desprovida de qualquer tentativa de
entendimento. Mas isso é outra história. O que interessa aqui destacar é o
papel primordial do método quanto à profissionalização do historiador. E nesse
campo podemos indagar-nos o que seria da história se não tivesse, com a ajuda
das ciências auxiliares, enveredado por um caminho de análise, externa e
interna, dos documentos, se não tivesse se questionado quanto à origem das
fontes, se não tivesse encetado as mais trabalhosas pesquisas.
O
método histórico é que fez do historiador um ser importuno, insistente, rancoroso
e fiel, como bem o escreveu Drummond. O método histórico não é apenas uma
ferramenta, é um elemento basilar da profissionalização do historiador e da cientifização
e institucionalização da História. Afinal, como seria possível
institucionalizar uma profissão que não se ativesse a uma metodologia? Como
seria possível nos autodenominarmos historiadores se cada um produzisse a seu
bel-prazer, sem atenção ao método e a qualquer referência teórica e conceitual?
Em suma, o método histórico é estruturante, profissionalizante, cientifizador, essencial. Sem método não existe profissional de história. Sem método não existe historiografia, válida e senhora de dignidade científica. Em última análise, a função do método histórico na formação de profissionais em História é pedagógica e orientadora na práxis da pesquisa e do ensino-aprendizado.
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